domingo, 20 de octubre de 2013

Fiz diversos exames e todos deram negativos

Depressão, ansiedade e pânico. Fico muito contente com o número de visitantes desse blog. Bom, deixe-me falar um pouco mais de minhas crises. Em 1995, quando poucos sabiam o que era síndrome do pânico e quando a internet ainda engatinhava, a bomba estorou: minhas crises de criança, que antes eram esporádicas e sustentáveis, alguns meses após a perda de um ente querido, passaram a ser constantes e fortes. Ou seja, elas não tinham qualquer intervalo, meu sistema de alerta disparou e tive diversas paranóias: achava que morreria, que estava ficando louco e que perderia o controle sobre mim mesmo. Era uma mistura de crises de ansiedade com ataques de pânicos.


Funcionava mais ou menos assim: se eu via uma notícia na televisão de que o filho assassinou os pais, por exemplo, eu corria para o meu pai e pedia a ele que não o deixasse matá-lo. Meu coração disparava, minha pressão arterial subia, sentia tontura, uma sensação de estranheza e pedia para que me levasse para uma fármácia ou hospital. Note que, em alguns casos, esses sintomas aparecem em razão do susto tomado diante um pensamento. Com isso, o pensamento desaparece e o corpo passa a ser o centro da atenção. É uma espécie de fulga, entendem? Outra paranóia que tive, foi após ver alguns anúncios de prevenção a AIDS, veiculados na época do carnaval. Como tinha feito sexo oral com uma garota de programa sem camisinha antes da crise estourar, estava certo que eu havia sido contaminado. Fiz diversos exames e todos deram negativos. Mesmo assim achava que os resultados estavam sendo manupulados pelo meu pai, para poupar-me do sofrimento. Foi horrível. Lembro-me também, ao me deparar com pensamentos suicidas, de pedir ao meu pai que me impedisse de fazer uma imensa besteira. Minha mãe não sabia lidar com a doença e distanciou-se um pouco de mim. Perdi também o poder de concentração e a libido. Fiquei 3 longos meses com esses sintomas disparados, pois eu e meu pai resistíamos em tomar remédios tarja preta: meu pai, por achar que tais remédios faziam mal; eu, por achar que morreria se os tomasse. Nesse época, perdi totalmente o apetite, emagreci 15 quilos e fiquei esquelético.

Toda refeição era um terror, pois comia forçado, sem a mínima fome. Cheguei a achar que morreria de inanição. Passei então a tomar muito milkshake, para tentar manter o peso. Nesse período, tomava muito calmante natural, tudo em vão. O fato de eu ter emagrecido tanto, na minha paranóia, só vinha a confirmar o diagnótico de soropositivo. Posso afirmar, sem receio, que senti na pele a dor de quem recebe a notícia de que está com AIDS. Lembro-me que um dia meu pai me chacoalhou no banheiro, pedindo para que eu reagisse. Passei diversos dias no escritório dele e dormindo com ele, pois tinha muito medo. Aliás, quando se está com pânico, é normal que se confie ou peça ajuda apenas para apenas uma certa pessoa. Duas coisas ajudaram: deixar de assistir televisão e passar a escutar músicas com sons da natureza. Os barulhos do cotidiano eram como imensos sustos. Finalmente, concordei em tomar uma medicação, achando que morreria. Pensava inclusive como seria meu funeral. Todavia, para minha surpresa, pouco tempo após, meu alarme interno parou de soar por um período. Foi o maior alívio que já senti em toda minha vida! Mas tudo isso era somente o início de uma batalha, que contarei a vocês em breve...

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