jueves, 31 de octubre de 2013

Após o início da medicação prescrita

Fui diagnosticado com síndrome do pânico e, em seguida, acometido por depressão grave. Isso foi há quase 15 anos. Os sintomas sempre existiram, desde minha infância, e tornaram-se menos discretos com o passar do tempo. Eu era incapaz de descrevê-los e não existia internet. O assunto era um tabu e a informação restrita a médicos. Os outros achavam que era frescura, chamavam meus colapsos de "pirepaques" ou "tremeliques". Lembro-me de ter feito eletroencefalograma, para verificar se tinha problemas neurológicos.


Ninguém ventilava a hipótese dos sintomas serem psiquiátricos, pois esse assunto era apavorante. Passei por péssimos bocados. Ao receber o diagnóstico de pânico, tentei superar os sintomas só com força de vontade, claro que sem sucesso. Sofri muito e à toa por causa disso: se arrependimento matasse...

Após o início da medicação prescrita, as crises foram se espaçando e a depressão melhorando. Se fosse em outra época, acreditem, certamente seria internado num hospício. Agradeço a Deus, todos os dias, pela evolução da medicina.

sábado, 26 de octubre de 2013

Depois escrevo para você contando do meu caso atual de depressão

Leiam com atenção a íntegra de um valioso e preciso comentário postado hoje por Maria: "Basicamente a sintomatologia da depressão clássica é aquelas que todos sabem: tristeza, desânimo, 'queda de energia', sentimento de fracasso etc. Porém, não existe só isso por trás de uma depressão, também por conta dos fatos químicos e psíquicos que a envolve. Um exemplo disso seria a forma que se dá a depressao na infância. Ou, no meu caso, mais precisamente.


Quando mais nova, tive um episódio de depressão que não girava em torno de uma tristeza, e sim daqueles pensamentos repetitivos, da ansiedade e da angústia, que culminavam na tristeza. Tinha também ataques de ansiedade. Porém acabaram por não se desenvolver em crises de pânico. O problema é que a depressão mexe com o seu psíquico como um todo. Você mesmo é um exemplo disso. A síndrome do pânico é um efeito psicossomático. Uma explicação melhor para isso seria: você não consegue 'viver' o sentimento, então você o expressa de uma forma física. Eu não sei, bioquimicamente, como isso ocorre, mas é assim que as crises costumam se dar. São somatizações.

Na verdade, isso tudo é uma junção do que a minha psicóloga tem me dito e do que eu tenho lido. Então, claro, pode ser que contenha erros. Mas, isso tudo que eu te escrevi, faz muito sentido pra mim, aplica-se bem ao que eu vivi. Depois escrevo para você contando do meu caso atual de depressão, para compartilhar a diferença de pensamento e de sintomas, dessa vez, em relacao a primeira vez que vivi o quadro depressivo". Maria, obrigadíssimo pela colaboração!!!

domingo, 20 de octubre de 2013

Fiz diversos exames e todos deram negativos

Depressão, ansiedade e pânico. Fico muito contente com o número de visitantes desse blog. Bom, deixe-me falar um pouco mais de minhas crises. Em 1995, quando poucos sabiam o que era síndrome do pânico e quando a internet ainda engatinhava, a bomba estorou: minhas crises de criança, que antes eram esporádicas e sustentáveis, alguns meses após a perda de um ente querido, passaram a ser constantes e fortes. Ou seja, elas não tinham qualquer intervalo, meu sistema de alerta disparou e tive diversas paranóias: achava que morreria, que estava ficando louco e que perderia o controle sobre mim mesmo. Era uma mistura de crises de ansiedade com ataques de pânicos.


Funcionava mais ou menos assim: se eu via uma notícia na televisão de que o filho assassinou os pais, por exemplo, eu corria para o meu pai e pedia a ele que não o deixasse matá-lo. Meu coração disparava, minha pressão arterial subia, sentia tontura, uma sensação de estranheza e pedia para que me levasse para uma fármácia ou hospital. Note que, em alguns casos, esses sintomas aparecem em razão do susto tomado diante um pensamento. Com isso, o pensamento desaparece e o corpo passa a ser o centro da atenção. É uma espécie de fulga, entendem? Outra paranóia que tive, foi após ver alguns anúncios de prevenção a AIDS, veiculados na época do carnaval. Como tinha feito sexo oral com uma garota de programa sem camisinha antes da crise estourar, estava certo que eu havia sido contaminado. Fiz diversos exames e todos deram negativos. Mesmo assim achava que os resultados estavam sendo manupulados pelo meu pai, para poupar-me do sofrimento. Foi horrível. Lembro-me também, ao me deparar com pensamentos suicidas, de pedir ao meu pai que me impedisse de fazer uma imensa besteira. Minha mãe não sabia lidar com a doença e distanciou-se um pouco de mim. Perdi também o poder de concentração e a libido. Fiquei 3 longos meses com esses sintomas disparados, pois eu e meu pai resistíamos em tomar remédios tarja preta: meu pai, por achar que tais remédios faziam mal; eu, por achar que morreria se os tomasse. Nesse época, perdi totalmente o apetite, emagreci 15 quilos e fiquei esquelético.

Toda refeição era um terror, pois comia forçado, sem a mínima fome. Cheguei a achar que morreria de inanição. Passei então a tomar muito milkshake, para tentar manter o peso. Nesse período, tomava muito calmante natural, tudo em vão. O fato de eu ter emagrecido tanto, na minha paranóia, só vinha a confirmar o diagnótico de soropositivo. Posso afirmar, sem receio, que senti na pele a dor de quem recebe a notícia de que está com AIDS. Lembro-me que um dia meu pai me chacoalhou no banheiro, pedindo para que eu reagisse. Passei diversos dias no escritório dele e dormindo com ele, pois tinha muito medo. Aliás, quando se está com pânico, é normal que se confie ou peça ajuda apenas para apenas uma certa pessoa. Duas coisas ajudaram: deixar de assistir televisão e passar a escutar músicas com sons da natureza. Os barulhos do cotidiano eram como imensos sustos. Finalmente, concordei em tomar uma medicação, achando que morreria. Pensava inclusive como seria meu funeral. Todavia, para minha surpresa, pouco tempo após, meu alarme interno parou de soar por um período. Foi o maior alívio que já senti em toda minha vida! Mas tudo isso era somente o início de uma batalha, que contarei a vocês em breve...